quinta-feira, 28 de maio de 2009

Juro que isso veio de mim.

Que chore, que se esparrame, que saia jorrando de dentro de mim.
Tudo que eu escondo, tudo que eu temo.
Tudo que eu amo.
Um milhão de palavras, flores pra ti.
Enigmas inconfundíveis, reconhecíveis, que só eu sei como queres ouvir.

Mergulha, afunda. E nada na minha vida foi tão verdadeiro quanto isso.
Chora, arranha, dói.
Descobre, eletriza, explora.
Tudo que eu conheço em ti. Esse cheiro, essa cor, essa chama.
Atravessa o meu corpo, e se reafirma.
Inegável.

Cada toque, como um milhão de coisas ao mesmo tempo;
esquecendo.
O que fica pra trás já não importa.
Borrão, ensaios, do que agora é verdade pra mim.

Não posso jamais esquecer,
Que um dia, (hoje fragmentado em anos)
Um dia, eu me senti assim.

terça-feira, 26 de maio de 2009

Transatlanticism
























.

Rachel: -"Aren't you scared?"
Joey: -"Yeah...Terrified..."

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Sinestesia.

Não sei de que livro é isso, mas eu vi em um blog, li, e achei tão envolvente que eu resolvi traduzir.

"Eu não sei do que preciso, mas por nenhuma razão aparente me sinto terrivelmente mal. Nada aconteceu, absolutamente nada, mas está difícil respirar.
O ar na Loja é bem mais pesado com o forte cheiro de suor, isopropil, álcool, toda a solução para limpeza, mas também não é isso...

(...)

Pego um copo d'água. E ando para o corredor. Isso é um erro. Eu devia ter ficado junto com outras pessoas. O conforto da companhia e tudo mais. Ao invés, estou só, com uma lista correndo pela mente: Intoxicação alimentar? Não, meu estômago está normal. Abstinência? Saí da dieta de coca e ecstasy há meses, e não fumei nada hoje de manhã - meu ritual cotidiano - E eu sei que isso não causa dependências físicas de longa duração. E da porra do nada, tudo fica substancialmente mais tenebroso. Não uma escuridão absoluta. Nem mesmo uma escuridão de falta de energia. Mas como uma nuvem ofuscando o sol. Uma tempestade, na verdade. No entanto não há chuva. Não há nuvens. Está um dia claro e mesmo assim estou aqui dentro.

Eu queria que fosse só isso. Uma pequena queda de iluminação e uma leve dificuldade para respirar. Você poderia até pôr a culpa em um fusível queimado ou algum absurdo flashback relacionado às drogas. Mas as minha narinas queimam com o cheiro de algo amargo e podre, algo não-humano, fedendo com tantos anos de podridão, me falando na forma de náusea que eu não estou só.

Alguma coisa está atrás de mim.

É claro, eu tento negar.

É impossível negar.

Eu quero vomitar.

Para ter uma noção melhor disso: Concentre-se nessas palavras, e não importa o que aconteça não deixe seus olhos vagarem para fora do perímetro dessa página. Agora imagine que logo após o alcance da sua visão periférica, talvez atrás de você, talvez ao seu lado, talvez na sua frente, mas justamente onde você não pode ver, alguma coisa silenciosamente se aproxima de você, fechando o cerco ao seu redor. Tão quieto que você só consegue ouvir seu silêncio. Encontre esses vazios sem som.

Aí está. Bem nesse momento.

Mas não olhe. Mantenha seus olhos aqui. Agora respire fundo. Vá em frente e respire mais fundo ainda. Só que dessa que vez, quando começar a expirar, tente imaginar como vai acontecer rápido, como vai lhe atingir com força, quantas vezes vai atingir sua jugular com seus dentes (ou são lâminas?) Não se preocupe, esse detalhe em particular não importa, pois antes de você conseguir processar a idéia de que aquilo deve estar se movendo, você vai estar correndo, ou pelo menos levantando o braço para se proteger - você certamente já deveria estar largando esse livro - você não terá nem tempo para gritar.


Não olhe."

quarta-feira, 13 de maio de 2009

Rilke

Você que nunca chegou
em meus braços. Amado, que estava perdido
desde o começo.
Eu nem mesmo sei que canções
te agradariam. Eu já desisti de tentar
te reconhecer na onda agitada
do próximo momento. Todas as incomensuráveis
imagens em mim - a paisagem distante e profundamente sentida,
cidades, torres e pontes, e desvios inesperados
no caminho,
e aquelas terras poderosas que certa vez estiveram
pulsando com a vida dos deuses -
tudo se eleva dentro de mim para significar
você, que sempre me ilude.

Você, Amado, que é todos
os jardins que eu sempre contemplei,
ansiando uma janela aberta
numa casa de campo - e você quase
saiu, pensativo, para me encontrar.
Ruas em que eu ia parar por acaso, -
você havia acabado de descer e desaparecer.
E as vezes, numa loja, os espelhos
ainda estavam vertiginosos com sua presença e, sobressaltados,
devolveram-me a minha imagem demasiado repentina. Quem sabe?
Talvez o mesmo pássaro ecoou em nós dois
ontem, separados, à noite.

xox